terça-feira, 27 de agosto de 2013

Mulher aos 50. As delícias da maturidade (Por Normélia Borges)

 As delícias da maturidade ou a senhora liberdade!


Aos 50 anos, ou na casa dos 50 anos (já atingi os 52), minhas costas e ombros estão mais largos, já carregaram muito peso e, agora, absorvo as pancadas que a vida dá (e a vida não dá trégua) com mais facilidade, com mais flexibilidade, com mais jogo de cintura.
Já não corro atrás do tempo, fatigante corrida. Aprendi a usufruí-lo, a consumi-lo gota a gota. De vez em quando, claro, ele ainda me dá umas rasteiras, me envolvo em alguma correria, ando afobada, mas, em breve, com um pouco mais de tempo, quem dará rasteira nele serei eu.
Embates, brigas, desentendimentos, discórdias, “disse que disse”, aprendi a evitá-los. Evitar, não fugir. E, se forem inevitáveis, encará-los com paciência, essa jóia rara, essa pérola, que só o tempo nos dá em sua plenitude.  
E, como são mais livres as pessoas não belicosas!
E, como são mais livres as pessoas pacientes!
E, como são mais livres as pessoas que aprenderam a respeitar mais o Outro!
E, como são mais livres as pessoas que aprenderam a ouvir mais o Outro!
Há um pensamento do escritor, dramaturgo e filósofo francês Jean Paul Sartre que diz que “O Inferno são os Outros”. Ele se referia ao fato de que nós jogamos sobre o Outro toda (ou quase toda) responsabilidade pelos nossos sofrimentos, pela nossa história, pelo que nos acontece de bom e de ruim (principalmente o ruim). Com esse pensamento (ou na oposição a ele) Sartre quis mostrar que nós, cada um em si, é, de fato, o responsável pela sua própria história e vida, com todas as alegrias e tristezas que ela carrega. Se há um Inferno, nós mesmos somos ele.
Cabe observar que o filósofo francês não nega a importância e influência do Outro e dos Contextos (cultural, econômico, físico, geográfico, estrutural etc.) em nossas vidas, mas ele “não permite” que utilizemos isso como muleta, como desculpas para as nossas histórias de vida. Quando investigamos, peneiramos, frigimos os ovos vemos que somos nós mesmos os responsáveis por nós.
Quando li sobre isso aos meus 20 e poucos anos (descrito acima numa versão muito resumida) pensei ter entendido. Entendi, intelectualmente, mas sou vim entendê-lo completamente, internamente, integralmente, à beira dos meus 50 anos.
Viva essa liberdade já senhora, viva essa Senhora Liberdade.
Normélia Borges


5 comentários:

  1. Magnífico texto,Normélia! Te conhecendo, atesto a suavidade com que trata esta e tantas outras constatações,em sua vida em todos os âmbitos que ela abarca. A constatação difícl e ao mesmo tempo, libertadora de que cabe á nós mesmos a construção da paz, alegria ou tão sonhada felicidade. Em plena fase madura, sorvemos o melhor dos néctares que a vida nos presenteia. A certeza de que nada pode mais nos enganar. Nem as nossas perdidas ilusões.... Só nos deixamos levar mesmo é pelo que nos anima e faz crescer de alguma forma. Toda essa riqueza de sentir e viver, percebemos no teu olhar, sorriso e maneira de se relacionar com o todo á tua volta!

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  2. Assumir responsabilidades dos seus atos é certeza de amadurecimento de alma, é ter vivido talvez muitas vezes uma mesma situação e ter aprendido com a própria experiência ! Somos responsáveis
    pelo que damos atenção !

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    1. Verdades, Ramon Veloso! Creio que é por esse motivo, que tantos tem medo da famigerada:"meia idade" e da liberdade! As duas vivências requerem responsabilidade ao cubo. Que honra, ter sua visita.Espero que nos brinde com seus geniais textos: Provocadores das consciências hibernantes.....

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  3. Natália.Obrigada! Sua visita é uma honra para nós. Volte sempre e se quiser, com sugestões para novos textos.bjos

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